terça-feira, 27 de setembro de 2005

Pela boa música

Há poucos músicos em Portugal (país da Europa), que me fazem vibrar. Não sou muito esquisito, mas no que toca a músicos, gosto que eles façam música.
Exigente.
Ouço Camané enquanto escrevo a frase "enquanto escrevo a frase", e apercebo-me o quanto é bom ouvir boa música. Há músicos e músicas que me dão raiva, de tão bonitas e bem compostas que são. Palavra.
Sérgio Godinho escreve o que quer como ninguém. Ou melhor que isso, se assim o quiser. Escreve, ponto.
Manuela Azevedo existe num palco, e fora dele, com o dobro do tamanho com que foi aconchegada no mundo.
Belle Chase Hotel (agora Quinteto Tati), Jorge Palma, Carlos do Carmo, António Variações.
Faltam muitos, bem sei. Mas sintam-se abraçados os bons.
Os maus também, mas com menos vontade.
Bom e mau gosto não se discute, definitivamente. Também o meu é duvidoso.
Comprei hoje um cd da Ana Malhoa. Arde que é uma coisinha parva.
Canta-se Português em Inglês, e não vejo especial problema nisso. Cantar Português em Português ainda custa.
Português bem cantado bate aos pontos o dialecto mais rico de qualquer país.
Hoje, sento-me no sofá e ouço música, daquela arquitectada em notas que nos entram bem para além dos ouvidos.
Hoje, sento-me no sofá e ouço, tão simplesmente, música.

Menino Tonecas


Alguém têm de dizer ao Menino Tonecas que com 50 anos já não devia falar à puto. Fica um nadinha seníl... O meu avô fez isso há muito tempo, e na semana a seguir andava a atirar máquinas de café contra um mocho, e a dizer que "ele sabia coisas demais".
A sério, só uma chamadinha ao Senhor Luis Aleluia...

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Só mais um link

Porque o que é bom merece ser visto, Ricky Gervais, um grande, grande senhor. Vejam os videos, vale a pena. Ou não façam nada. Fica a sugestão.
Cumprimentos.

sábado, 17 de setembro de 2005

Vai uma aposta?

Merda, esqueci-me de ir à festa dos 10 anos da Caras... o que é que vão pensar de mim?
"Acompanhámos a entrada de todo este hollywood à portuguesa", dizem agora, no fim da emissão. E eu aqui. Em casa. Até gente da Argentina veio, e eu, nada.
Eu, aqui, sozinho, a ouvir o cd da Dulce Pontes e a pensar quem lhe deu tanto murro para ela gritar assim. Pensava que gravar um cd em estúdio era mais pacífico.
Gosto de ir a festas sociais quando a Maya vai, porque mesmo que ela não diga em que lugar do ranking está o meu signo, pelo menos sei que estive perto de uma cabeça sem-abrigo.
Estar desempregado ou "aparecer" na televisão hoje sabe ao mesmo, há sempre dúvidas sobre o que pôr na ficha do médico onde pergunta:
a)Profissão__________
Deixei de ir ao médico.
Fazem muitas perguntas.
Fui lá para me queixar, se soubesse que era preciso responder a tanta coisa tinha alugado uma casa em Elvas e acampado perto dos Jerónimos. Não gosto é de colégios.
Enfim, gostos parvos, os meus.
Entristece-me a "televisão", não apenas porque sim. Mas porque dói-me ver tanta gente com talento desempregada. Actores, apresentadores, humoristas. Muitos, mesmo. Conheço-os, tenho o contacto deles. São sub-aproveitados. Somos pequenos demais para nos darmos a esses luxos tão grandes.
Deixem-se de merdas.
Ter mamas ou um cabelo bem tratado não é, nem nunca foi, sinal de talento.
Se calhar não moram na Quinta da Marinha.
Mas têm génio. Puro.
Não suportado por alicerces de açúcar.
Dói-me ver uma passerelle de futilidades e assistir impávido e sereno. Devia deixar passar e preocupar-me com outras coisas. Com esta dor de cabeça que não me larga há 2 dias, com a conta da EDP que ainda não paguei, com a falta de leite e manteiga que me acompanha.
Enfim, nada de novo.
Um dia havemos de perceber o que estamos a perder.
Vai uma aposta?

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Muito sono

Então foi assim: quarta-feira tocou o despertador, eram 7h da manhã. Fui a umas gravações, segui para o teatro para ensaiar, e deitei-me eram 3h da manhã.
Hoje, o mesmo despertador tocou, uma vez mais, às 7h da manhã. Uma vez mais fui a umas gravações, uma vez mais segui para o teatro, e uma vez mais são 3h da manhã.
Há 15 minutos fiz uma boa acção.
Vou agora buscar uma vassoura e uma pá, que os vidrinhos e os ponteiros ficaram espalhados pelo quarto.

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Estrela da Tarde

A letra é de José Carlos Ary dos Santos, e a voz, emprestada por Carlos do Carmo.
Mais do que um poema a rasgar os limites do bonito, é muito, muito mais que isso. Faz parte do lote de músicas que me faz dar mais uma volta ao quarteirão antes de estacionar o carro, só para chegar ao fim com ela.
E reza assim:



Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.

domingo, 11 de setembro de 2005

A todos os condutores


Pensei, pensei e cheguei a uma conclusão, que a meu ver, parece justa.
Todos os carros, que circulem a menos de 100 km/h na faixa da esquerda de uma auto-estrada, deveriam, em jeito de automático, explodir. Perder-se-iam algumas vidas, é certo, mas é melhor assim.
A estupidez de alguém, que com duas faixas vazias à sua direita, insiste em lamber vagarosamente a da esquerda, é meritória de um belo dispositivo no banco de trás que detone automáticamente. Ninguem sofreria, nem o próprio condutor.
Minto, sofreriam um bocadinho. Uma bomba ainda faz dói dói.
Mas tem de ser assim, não me levem a mal, sou um mero mensageiro.
A ideia é simples e querida de dar beijinhos. Cada condutor, pela manhã, seria munido de um palestiniano, que estaria sentadinho no banco de trás, com uma mochila toda janota.
P.s.- Este senhor palestiniano é: bom moço, lavadinho, com uma camisa apertadinha até cima, para resguardar o peitinho de correntes de ar. Mas danado para a brincadeira.
Depois o processo seria limpinho e eficaz. O condutor, como sempre, metia uma abaixo e mudava para a faixa da esquerda e mantinha-se nela a 90 kilometros/mortíferos.
Em seguida escutaria um ligeiro "click" dentro do carro, olharia de imediato para o conta-quilómetros, e morreria a meio de um "oh cabrão guarda a mochila, ai cum car...! (PUUUUMMMMM)
Deus os guarde em descanso.
O Sr. palestiniano teria nas suas doces mãos uma camara de filmar, daquelas resistentes, assim tipo... resistentes, cuja cassete seria posteriormente aproveitada, para acompanhar aulas de condução e mostrar aos alunos o senhor Antunes a estoirar.
E também o Sr. Palestiniano a dizer adeus para a camera.
Outra solução, também baratucha e práctica, seria a de qualquer condutor que fosse obrigado a ultrapassar pela direita, ser subsidiado de uma caçadeira daquelas de matar patos, e alguns cartuchos. Ultrapassaria pela direita, mantinha a velocidade de cruzeiro do condutor à esquerda, e tinha direito a dois tiros. Um nos joelhos para desiquilibrar a velocidade e posteriormente num dos braços, só porque é giro.
O leitor deve estar a pensar "epá, que exagero! morrer? é preciso tanto!?"
Realmente não. Mas vai ter que ser.

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

Pequeno conto infantil

Era uma vez, um menino que foi à caixa de correio,
E lá encontrou uma carta que dizia "EDP".
Abriu-a, olhou para a parcela que dizia "valor a pagar", e disse assim:
"Foda-se!!"


Fim.

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Curiosidade

Ontem, numa conversa pós-ensaio num qualquer restaurante lisboeta, disseram-me: "sabes de que é que morrem a maior parte das girafas? Morrem no parto, porque quando caem para ter o filho, a queda é muito alta, e partem o pescoço."
Hoje em dia, ando com muito mais cuidado.

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Despertares

Acordo, e ligo automáticamente a televisão. Nela está a Maya, no Sic 10 Horas, a dizer que os signos não sei quê. Termina toda contente. "Ah, Fátima, não sabes tu o que é que eu te tenho para contar na Tertúlia Côr-de-Rosa!" Diz a Fátima que "não! ora diz lá!" Responde a Maya: "Ah pois! A Ruth Marlene, que o nosso público tanto adora, têm um novo namorado! O único senão... é que é dono de uma casa de Strip! Ah ah ah".
Riem-se. Dizem que há namorados melhores. Com certezas, que estas mulheres sabem. A facilidade com que se agarra numa revista e se fala, com ar diplomático, das vidas de toda a gente, repugna-me. Há pessoas cuja "profissão" é mandar postas de pescada sobre tudo o que aparece nas revistas. Eu chamo-lhe "desemprego".
Hoje em dia, vende-se o dizer mal por dizer. Dá audiências. O público gosta.
Enxovalhar alguém, em praça pública, sempre vendeu, sempre venderá. Mas quando se torna banal e forçado (sim, porque tem de haver forçosamente sobre o que falar), é só uma máquina para arquitectar audíências. E quando assim é, caro leitor, é só falta de bom gosto.
Irrita-nos a todos: sair do prédio e ter vizinhas (daquelas vestidas de preto, reformadas), a falarem umas com as outras sobre os barulhos que ouviram em nossa casa na noite passada, e a até que horas as visitas ficaram lá em casa, e se tinham piercings, se não tinham, e o raio que as parta ao meio. Isso, irrita-nos muito. Mas se essas velhas, estiverem num programa da manhã, e despedaçarem a vida do próximo... isso, já nos aconchega mais a alma. Já dá vontade de ir buscar umas bolachinhas de canela e ver alguém ser abalroado na tv.
Enfim, há programas, que mais valia Nosso Senhor levar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Orçamentos

Hoje acordei às 9h da manhã. Palavra de honra que não sabia que haviam pessoas e bichos a essa hora da madrugada. Ainda assim, arrisquei. Objectivo: Orçamento para obras em casa, uma coisa sempre gostosa, essa dos pedreiros. Falo com o meu pai:
Eu-Olha que se me conhecerem por alguma razão, sobem os preços porque julgam que ganho fortunas.
Pai- Não te preocupes filho, é gente séria.
Eu- Então fazemos assim, hoje vou eu com o empreiteiro fazer orçamento, amanhã vais tu com outro, para ficarmos com uma idéia.
Pai- Tá bom. Queres ir almoçar?
Eu- Vamos.

De facto o homem era uma jóia de pessoa, muito simpático, até tinha passado a camisa a ferro, e tudo. Perguntei-lhe se teria a casa pronta em 2 meses. Que sim, que até antes disso. "Nem vai ter tempo de dizer uma piada, pá!" Ri-me. Por simpatia, só. Insistiu:"Sabe que eu tambem me farto de fazer rir os meus amigos, é cá com cada uma que eu invento!" Ri-me. Por vergonha alheia. Há essa necessidade de as pessoas acharem que têm de ser engraçadas perto de humoristas. Tornam-se camaleões da profissão do próximo. Quando estou com muçulmanos não me faço rebentar. Este senhor estoirava-se em 2 tempos. Mas antes dizia "sabe que eu tambem me farto de fazer explodir vizinhos meus, é cada esguicho de sangue!"
Enquanto via a casa não parava de dizer "isso é simples, é baratinho. trabalho com homens que sabem o que fazem, gente dura."
Despedi-me do senhor.
Enquanto me apertava a mão, disse: "Tem graça, julgava que era mais alto".
Respondi: "Tem graça, eu não".
Riu-se muito. "Só você pá!".
Fechei a porta, respirei fundo, e liguei ao meu pai.

Moral da história:

Orçamento com o pai- 11.000 Euros
Orçamento com o filho- 35.000 Euros

sábado, 3 de setembro de 2005

SOS Lisboa

Lisboa está infernal. Hoje demorei-"me" uma hora, do Campo Grande até ao Marquês de Pombal, às15h. Entenda-se que nem a pé se demora tanto.
A cidade começa a ficar muito pequena para tanta cidade.

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Descansem os olhos

Vi neste blog de um amigo e resolvi partilhar com vocês. Descansem lá os olhos, vão ver que vale a pena. Façam o favor de entrar.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Orgãos, precisam-se

Nunca os meus intestinos se chatearam tanto comigo como hoje. Leite creme e sumo de laranja. Nunca, mas nunca em toda a vossa vida, comam leite creme quente e a seguir bebam sumo de laranja fresquinho. Prometam-me isso. Nunca. É de uma violência que só tinha visto semelhante num documentário sobre focas bébés, na Dois, há algum tempo. Os outros documentários da Dois sempre os achei com o fim muito repetitivo: "Bruno, anda prá cama".
Sempre ouvi dizer que suminho de laranja fazia bem. Os meus intestinos não. Há qualquer coisa de muito estúpido em querer Leite Creme quentinho e sumo de laranja fresquinho depois, bem sei. Mas ter orgãos do meu próprio corpo a decomporem-se por causa de um mal entendido, é duro. Sempre achei que os intestinos e o cérebro, tivessem uma espécie de Walkie Talkie para saberem um do outro. É no fundo, para isso que mantenho vivos todos os meus orgãos, para me avisarem quando acharem que os meus intestinos estão a instalar um simulador de Nagazaki, para PlayStation2. Fiquei triste, confesso. Julguei-os mais unidos entre eles. Mais alerta. Nem um fígado se deu ao trabalho de me dar um toquezinho. Nem um rim. Nada. Ficaram todos imóveis, a ver-me ingerir à bruta contentores de explosivos.
Deixei de confiar neles. Tou farto deles.
Havia desenhos animados em que os orgãos eram todos amiguinhos, lembram-se? Pois bem, são uns cabrões. E é bom que as crianças percebam isso desde novinhas, que a qualquer momento, quando pensarem que o xixi está a correr bem, um rim entra em combustão instantanea.
Agora como torradas e bebo chá.
E gemo.

Life Aquatic



Acabo de ver The Life Aquatic With Steve Zissou (Um peixe fora de água), e constato mais uma vez: O Bill Murray, é, de facto... grandioso.