quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Porque hoje me senti especialmente feliz...

Tropeço-me de cansaço. Muito mesmo. Ainda assim, vou abrindo os olhos para ter noção do que me rodeia.
Conheci Carlos do Carmo. Para muitos isto não passará de uma frase. Para mim, são várias e várias horas de ouvidos deliciados e coração a ritmo de contrabaixo. Ter a oportunidade de conhecer pessoas que admiramos e ainda receber elogios, deixou-me pequenino, ainda mais do que o normal.
Cantou a dois metros curtissímos de mim, e ainda assim, eu estava em casa, como hoje, como sempre, a ouvi-lo.
O fado pode ser transportado por várias vozes, disso, não há sequer dúvidas. Mas só poucas, o conseguem transportar pelo filamento que nos deslumbra um baque no centro do peito.
Guardarei o dia de hoje num livro de memórias talhado a orgulho.
"...essa voz que canta a palavra e nos vem dizendo a musica...", disse José Saramago, e digo eu.
Porque hoje me senti especialmente feliz, quis partilhar com vocês.
E agora oiço Carlos do Carmo, e sorrio.

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Cozinhas

Aproveito os entretantos do tempo, para vos dizer que... quando encomendarem cozinhas no Ikea... não as tentem montar sozinhos. A sério, há lá gente especializada, que diz que até fizeram cursos na Suécia. É malta que faz daquilo a vida. Confiem neles.

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Muito obrigado.

Num momento que antecede a minha bela cama, que tanto me olha, decidi passar pelo computador, para agradecer a todas as pessoas que têm passado pelo Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz, e o têm esgotado. A todos vocês, um muito e muito obrigado.
Seria cliché dizer "sem vocês, nada disto seria possível".
Por isso mesmo, sem vocês, nada disto seria possível.

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

Não custa nada

Lembrem-se sempre de uma coisa. Sempre. É simples, nada de complicado. É até bastante simples. E é o seguinte... Acompanhem-me:
Está frio. Chove. Está portanto frio e chove. A vontade de sair é muito abaixo da média Europeia. Há até comida de sobra no frigorífico, dispensa, e outros sítios onde guardem comida. O Bruno (este que vos escreve), não tinha vontade de cozinhar. Estamos portanto num panorama de frio, chuva, comida a barrotes, mas falta de vontade de a tornar comestível.
Ideia: Encomendar comida japonesa.
Portanto: frio, chuva, comida a barrotes mas falta de vontade de a cozinhar, e comida japonesa ao domicílio. Fiz então a encomenda (e uma bela encomenda, diga-se entre parêntesis).
"Vai demorar 40 minutos", diz o senhor brasileiro. Brasileiro...Japonês.
Tudo faz sentido.
Deitei-me no sofá, e enquanto deixava a televisão ir contra os meus olhos, sonhava na melhor maneira de comer um belo Uramaki, Sashimi, entre outros.
Uma coisa meio doentia, mas que se usa muito no estrangeiro.
Passados 30 minutos, estavam os meus pés quentinhos, e a chuva a dizer "oh bruno, anda lá cá fora que eu digo-te" e...
enfim...Lembrem-se sempre de uma coisa. Sempre. É simples, nada de complicado. É até bastante simples. E é o seguinte... quando encomendarem comida para entregar ao domicílio, lembrem-se que têm de ter dinheiro em casa. A sério, lembrem-se.
Não custa nada.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Coçar Onde É Preciso


Acabei de sair da peça "Coçar Onde É Preciso", do José Pedro Gomes.
A coragem de estar cerca de uma hora e meia, sozinho, frente a frente com um público disposto a tudo, não é, nem nunca será coisa fácil. Estar cerca de uma hora e meia e fazer disso um belo espectáculo, ainda mais. Aconselho a todos os que tiverem disponibilidade e vontade de ver coisas boas, que cada vez são mais raras. Porque o que é bom deve ser falado, "Coçar Onde É Preciso", até 18-12-2005, Quarta a domingo às 21h30, na Casa do Artista.

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

Finalmente...

Finalmente, assaltaram-me o carro. A ideia já era antiga, concretizou-se sexta-feira, quando tudo acontece. Era comum deixar casacos e valores pessoais (alguns deles impessoais), no banco, mala, etc. Sempre achei que o meu carrinho deveria andar composto caso surgissem visitas inesperadas. Não queria que alguém entrasse janela dentro e encontrasse só uma garrafa semi-violada de óleo para o motor e um triângulo de sinalização. Acharia de muito mau gosto. Enfeitei então a bagageira com um Ipod Nano, carteira com respectivos documentos, casaquinho novo, e tudo o que um bom espectador automobilístico anseia. Deixei toda uma viatura decorada, limpinha, e fui à minha vida, que o Bairro Alto já deambulava rouco, de tanto me chamar.
Voltei 3 horas depois, pé ante pé, para o caminho ser mais calcado. Esquina dobrada e encontro o meu querido automóvel (que deus o guarde em descanso), com uma fractura exposta no vidro do passageiro. Sorri, gritei ao mundo a felicidade de alguém se ter lembrado de tal simpatia, e depois limpei, nervo a nervo, o puzzle de vidro temperado que jazia no banco. O meu bilhete de identidade, entre muitos outros documentos da mesma entidade, andam de portugal em portugal até sabe deus (e nem mesmo ele) quando.
Sexta feira, 4h da manhã, 11 graus, e eu, era o único valente a deslizar uma Marginal de janela aberta.
Parte direita do meu corpo paralisou.
Aguento-me então com um pulmão, e um braço esquerdo que se têm portado bem que é uma coisinha parva.
Hoje, o meu carro têm uma decoração mais minímalista, mas com muito, muito bom gosto.

domingo, 6 de novembro de 2005

Televisão, a cores.

Há semana e meia atrás, num qualquer estúdio de televisão, um produtor abraçou-me e cuspiu-me: "epá, Bruno! Ainda bem que te encontro. Ainda ontem estive na Sic e quando me disseram que tu ias assinar contrato eu disse logo: porra! esse gajo é insuportável, espero nunca ter de trabalhar com ele porque diz que tem um feitio insuportável! O puto é vedeta como tudo... (fim de citação) Mas olha, agora que te encontro aqui estou arrependido, és um gajo impecável! Desculpa lá!"
Tudo isto se passou com um abraço, um sorriso nos dentes, e uma faca bem afiada a ser arrancada discretamente das minhas costas.
Trabalhe-se em televisão e toda a gente nos conhece. Toda. Mesmo quem nunca nos conheceu. Todos segredam o nosso feitio, porque "ouvir dizer...". Todos afirmar com quem fomos para a cama, que somos drogados, que somos maus colegas, que dúvidas não há porque "estava na revista" Todos, menos os que nos conhecem. O senhor do café, do quiosque, do supermercado, taxista, todos, mas todos sabem e carregam a nossa vida, gota a gota. Chegamos às pessoas já com uma biografia bem traçada, e pouco há a fazer. Só depois se dão ao trabalho forçado de conhecer quem tão bem conheciam. Se somos tímidos e não sorrimos entramos no separador de "antipáticos", se sorrimos demais é porque estamos drogados, se partimos um copo num restaurante é porque "temos a mania", se não o partimos... também temos. Somos vistos com o dobro da intensidade, mas só para o mal, que para o bem a lupa não está lá. Porque só as histórias más aconchegam o estômago à noite. Anteontem no bairro alto, um sem-abrigo caíu e torceu o joelho. Ninguém o olhou por um segundo sequer. Sete olharam para mim, para ver se eu o ia ajudar ou não.
Para quem diz que aparecer no "quadradinho mágico" é só coisas boas, desenganem-se. As más, só se apresentam depois.
Hoje, deito-me de barriga para baixo, e deixo estancar mais um história nas minhas costas.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

"Oh Bruno..."

"Oh Bruno, estás mais magro!"
Nunca uma frase tocou tanto no meu leitor de cd´s.