segunda-feira, 31 de março de 2008

"Green Grass Of Tunnel"

Chamam-se Múm e são Islandeses.
Ouço-os há muito tempo, e conheci-os pela mão desta música, que ainda hoje acho linda.
Ouçam que faz bem.

terça-feira, 25 de março de 2008

Para o ano há mais

O português transfigura-se quando sabe que vai para o Algarve.
Há vários sítios em Portugal, lindos por sinal, para passar as férias da Páscoa.
Mas o Algarve toca fundo no coração do português.
Tudo começa na viagem.
Como assim?
Calminha.
O peso do carro.
Percebemos que uma família vai para o Algarve quando o carro está com mais duzentos quilos do que devia, com o pára-choques traseiro a fazer faísca na estrada, uma fralda pendurada na janela de trás para o menino coitadinho não apanhar sol, e com um pack de 24 rolos de papel higiénico a tapar o vidro de trás da viatura, para facilitar o acidente.
Porque toda a gente sabe que o papel higiénico está a acabar no Algarve.
Isso e a navalheira.
São duas coisas que estão no fim dos fins.
Se a mesma viatura tiver um triângulo a dizer "Criança a Bordo" da Milupa, com o Vitinho todo jeitoso, então nesse caso não se pode pedir muito mais a Deus.
Deus, ao enviar-nos para a estrada ao mesmo tempo que esse carro já nos deu tudo o que tinha a dar.

Chegam então ao destino.
O pára-choques de trás ratado e o condutor com um boné de uma gasolineira qualquer (mutação que se faz sentir a meio caminho, para os lados do Alentejo).
Pousam no hotel toda a mobília do T2 que veio na bagageira.
E saem as pessoas em números que desafiam a lotação do carro.
Começa o fenómeno: Manadas e manadas de portugueses a correrem para a praia, como se a areia fosse acabar amanhã.
A reacção normal seria: "Vamos ficar no quarto que está chuva e frio"
Bem sei, mas isso é secundário.
Se os convidassem para ir para a praia da costa da caparica num dia de inverno achariam ridículo.
Mas no Algarve já é outra coisa.
É classe.
Dois fenómenos claramente portugueses: ir para os centros comerciais com sol e para a praia com chuva.
Há, no entanto, uma peça fundamental que se repete nestes dois acontecimentos:
O fato de treino.
Vão de fato de treino ABIBAS ou REEBOKA para o Colombo porque nunca se sabe se não vai estar lá a Vanessa Fernandes a fazer um triatlo entre a Zara, a Massimo Duti e a Fnac.
E vão de fato de treino para a praia porque os calções estão fora de questão, a não ser que queiram perder as duas perninhas com o gelo.
Chegam.
Sentam-se em cadeiras de praia a ler o Correio da Manhã e a comer sandes de borrego que levam numa geladeira.
Os mais tímidos ficam a ler a Bola dentro do carro enquanto a esposa dorme no lugar do pendura.
Voltam a casa com os carros mais leves e com o profundo sentido de dever cumprido.

Para o ano há mais.

"Salute!"


Como nunca consigo ver as séries nos horários que decidem transmitir na televisão, acabo quase sempre por as comprar mais tarde.
É um vício como outro qualquer.
A caixa dos Sopranos já a ando a ver há cerca de um mês, com calma para durar mais e também porque a tournée me tem levado para fora de casa.
Mas ontem, consegui um novo record pessoal:
Seis horas seguidas a ver a melhor série de sempre.
Comecei às 22h, acabei às 4h.
No fim só me apetecia pertencer à máfia e matar pessoas.
Vou só tirar o corpo da minha empregada ali da cozinha.

terça-feira, 18 de março de 2008

"Autografia - Um retrato de Mário Cesariny"


Se tiverem tempo vejam.
Se não tiverem, arranjem.
Ganhou o prémio de melhor documentário português no DocLISBOA 2004.
Um trabalho genial do Miguel Gonçalves Mendes.
Uma conversa com o surrealista Mário Cesariny sobre a vida, morte, sexo, amor, e o etc.
Obrigatório.

"Fomos sempre lunáticos...lunáticos do passado e lunáticos do futuro.
Não há nenhum país que esteja quatrocentos anos à espera que um rei reapareça. Não existe! E depois aparece um borra-botas: É ele! Trezentos anos depois!
Isto é fantástico, isto é bonito até. Um povo menino, um povo criança, não é? Mas depois não dá para ser país. Como a Alemanha. Não dá. E querem que sejamos, querem-nos... a CEE quer isso, que sejamos... que cresçamos."

sábado, 15 de março de 2008

"Badjoras Power"


Foi uma prendinha que uns fãs dedicados que criaram este blog me deram no fim do espectáculo da Guarda.
As melhores prendas são muitas vezes as simples.
Um pin, do tempo em que a expressão "badjoras" nasceu.
Muito obrigado.
E agora vou só ali num instantinho a Beja fazer espectáculo.
Até lá.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Citação

"O que me atrai nos brincos não é as mulheres terem-nos, é o momento em que os prendem na orelha, de queixo esticado e olhos vazios. A mesma expressão, aliás, ao procurarem as chaves na carteira. Parece que se ausentam. Depois voltam a estar ali ao rodarem a fechadura."

António Lobo Antunes.

quarta-feira, 5 de março de 2008

AT&T e Scorcese

Anúncio da AT&T, uma operadora de telemóveis americana.
Com a participação de Martin Scorcese.
Muito bom.

terça-feira, 4 de março de 2008

a falta de lei da vida

De tudo o que me faz pensar, há uma coisa que me atropela a cabeça.
A idade.
Não a minha, a deles.
Há qualquer coisa que rasga.
Choram-me as estatísticas que eu estarei cá quando os meus pais não estiverem.
Muito nublado, bem sei.
Mas real.
Posso tê-los agora, e abraçá-los com a carne que me deram, mas...e depois?
Vejo-lhes os anos na pele e a pele dá-me saudades.
Saudades do que não vou ter.
É a lei da vida, e todas as frases feitas que pregarem nas paredes.
Mas a saúde teima em ir à sua vida cedo demais.
Não a deles, a das estatísticas.
Hoje tenho-os ali.
Visto daqui, dos meus olhos, não envelheceram.
Foram emprestando um ou outro ano aos ossos.
Quero o meu pai a ficar envergonhado quando diz "gosto muito de ti filho" e a minha mãe com gotas de amor a marcar passo nos olhos quando diz "gosto muito de ti filho, nunca te esqueças disso"
Nunca te esqueças disso.
E depois, o que fica?
As memórias não são de carne, são de lágrimas.
E essas custam mais a abraçar.
Há qualquer coisa que rasga, eu bem disse.
Sei que estão na casa dos sessentas.
Mais precisão do que essa acelera-me o sangue.
"São novos".
E porque é que não ficam sempre assim?
Atrasem o relógio quarenta anos, vá lá.
Só desta vez, ninguém vai dizer nada à terra.
Apetece deixar cair uma pedra na roda dentada e parar tudo.
A assobiar, para não ter de prestar contas.
A palavra filho é patente deles.
Quando a dizem há uma manta que protege o coração até cima.
Depois da estatística fica só o coração e a manta enrolada aos pés.
Podemos sempre puxá-la, mas nunca mais vai tapar tudo.
E não, nunca me esqueço disso.