quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Flash News

Começo hoje mais uma longa jornada. Ontem despedi-me por momentos do "Curto-Circuito". Vou estar o próximo mês ao serviço do Teatro Municipal São Luiz, que tanto gosto, e que tão bem me recebe. Ao longo deste mês espero poder contar convosco para "desabafar".
Em Outubro deixo-vos aqui novidades sobre o que ando a fazer ao certo.
Regresso pois, ao teatro.

terça-feira, 30 de agosto de 2005

Deadline: 4h Am


Há algo de extraordinariamente hipnótico no canal Odisseia às 4h da manhã. Tudo parece bonito a essa hora, quando já estamos enroscados na cama, de baba em riste. Um leopardo, esventrar um lince que corre desesperadamente numa qualquer paisagem moçambicana, é...lindo! Há uma certa hora da madrugada em que desligamos a nossa secção do controlo de qualidade. A minha é às 4h.
Bocados de plástico que nos dão esticões nos músculos, arrepanham os pelinhos todos, e nos dão ar de estarmos no ponto alto de um ataque de epilepsia, é... fofinho. O Chuck Norris é o maior, os macacos narigudos do Bornéu são uma jóia de macacos, e a Dulce Pontes têm uma cara. Tudo na nossa cabeça encaixa ás 1000 e muitas maravilhas.
Durante todo o dia confesso que estou-me nas tintas para a tribo Uélélé, oriunda do Quénia. Mas às 4h da manhã, eu era menino para me meter num avião (ou num Zepelin se fosse preciso) , ir ter com o chefe da tribo e dizer "Mas você tá parvo? Já viu que tem 50 filhos a jantar serradura com arroz, e anda-me com os tomatinhos ao relento? E não há um "Raid" para afastar os besouros desta palhota? Vá, isso arrumadinho dentro dessa cueca de bambú."
Mais uma vez digo, se fosse às 4 da tarde, o Sr Chefe da Tribo até podia dar com os tomatinhos no queixo dos filhos, eu não mexia uma palha. A partir das 4h é que abro o meu escritório de Embaixador da Boa Vontade. Sou a Catarina Furtado dos pobrezinhos.
Hoje, são 4h17, e parto para o Zaire. Alguém têm de dizer àquela mulher que um soutien lhe poupa hematomas nos joelhos.

sábado, 27 de agosto de 2005

Fumar mata



De facto mata. Mas um camião em sentido contrário na IC19 também, e não leva nenhum autocolante igual na grelha da frente. Percebeu-se agora, depois dos quilómetros e quilómetros de auto-estrada que os fumadores foram calcando nos pulmões, que, epá... mata. Não que antes de anunciarem nos maços não matasse. Mas achámos que era mais giro só revelar a surpresa agora. Antes morriam um bocado à toa, agora morrem com uma explicação da tabaqueira. parece-me querido. Mas mata, e é bom que assim seja. Até me deixa de certa forma aliviado. Somos muitos, a verdade é essa. E cada um de nós existe muito. Logo, nada faz mais sentido. Nem todos fumam, o que me deixa descansado sobre o paradeiro do mundo. Não há nada mais aborrecido do que morrer de perfeita saúde, durante uma sessão de cardio-fitness. É até, se me permitem, motivo de chacota. Se apanhasse alguém a morrer dessa forma, faria questão de durante o funeral, me fazer munir de um microfone e um amplificador de médio tamanho, e insultar a senhora Augusta que morreu na passadeira do ginásio. É que é parva, a mulher. São pessoas que não têm o minímo sentido de morte. Pessoas estúpidas irritam-me, mas pessoas que nem sequer sabem morrer, dão-me vontade de estrear os sapatos na boca delas, com jeitinho. Morrer num jogging de sábado de manhã está ainda num patamar ridículo, e também constrangedor. Ninguém quer ser encontrado, esticado no circuito de manutenção do Estádio Nacional, com um fato de treino novo, ainda com os vincos de estar dobrado há meses, com um phones nos ouvidos (a ouvir provavelmente um qualquer cantor, também ele saudável), e com um coração em coma profundo. Nem a andar de canoa, nem a fazer amor, nem na secção de legumes de um hipermercado. Todos estes panoramas disponíveis para uma morte, são, em ultima análise, absurdos. A morrer, que seja coberto de embalagens de fast-food, com um cigarro meio apagado no canto da boca, com duas linhas de cocaína prontas na mesa de vidro, e a ver os Mini Malucos do Riso. Assim, morre-se com dignidade, na plena certeza que a primeira pessoa que o encontrar dirá: "Eu bem lhe disse que a televisão não estava para brincadeiras".

P.s.- Este SG Ventil estava óptimo.

Nuvens arquitectadas
















Gosto de nuvens arquitectadas.
Fim de tarde em Cabo Verde. Ficará melhor numa foto o lado turistíco? Ou o país como ele é? O turismo tem essa mais valia de apagar o que suja um país. Aconselho então, a todos os habitantes de um país, serem turistas do mesmo. Só têm a ganhar, vão ver. Em baixo, o mundo do turista, em cima, o mundo real.



Um copy paste

"Ainda não existe sitio em que me sinta tão invadido por esta cidade, como no Castelo. Estranha esta relação entre Lisboa e o seu Castelo, se hoje serve para atrair turistas, em tempos já serviu para nos proteger deles" Frase de que gosto, de um bom amigo.

Dói"s"-me

Dói-me. Dói-me muito. E não sei onde. Dói-me quando olho para ti, quando te vejo já ao longe, de cigarro encarcerado entre os teus dedos tão monstruosamente pequeninos. Dói-me saber que só te volto a ver quando já for tarde, e quando a dor se cansar de tanto me cansar. Tenho as mãos suadas e o coração a transpirar de tanto dar voltas e revira-voltas.
Dava tudo para saber estancar o palmo e meio de rasgo que me fazes na carne, não para o fazer, mas só para saber como actuar em caso de extrema urgência, que de urgência já eu vivo.
Dói-me muito, mas não sei onde. Se agora mesmo entrasse nas portas cansadas de um qualquer hospital, ficaria dia e meio para explicar onde e o que me dói. E ainda assim, dia e meio depois, estaria exactamente no mesmo ponto da conversa. Estaria de frente para uma bata branca, curvado de dores, de soro a violar-me o braço e o sangue, e de coração semi-risonho, como uma criança que faz das suas e olha para o lado para que ninguém a veja. "Juro que me dói senhor doutor, juro-lhe." De que vale explicar uma dor a quem nunca a sentiu?
A dor que me causas passa os limites de cinco países juntos.
Apetece-me beber-te a conta-gotas.
Dói-me. Dói-me muito. E quando me disseres onde, vai doer-me muito mais.

Mente sem abrigo

Roubei esta imagem na Rua São Sebastião da Pedreira porque... tinha a máquina fotográfica comigo. A verdade é essa. A personagem principal era um qualquer sem abrigo (a falta de abrigo rouba-lhes ainda o nome), o "jornal" era o 24 Horas, e a mesa de operações um contentor do lixo. Nos tempos que correm, poder-me-iam dizer que este mesmo contentor era uma redacção de um qualquer jornal e eu acreditaria, sem demoras. Este mesmo sem abrigo, analisando assim em close up, não deixa de ser um qualquer leitor. Quem sabe o mesmo que lê estas linhas. Este sem abrigo, que tão gentilmente se debruça sobre os restos mortais de tanta e tanta comida, pode ser, num close up ainda mais apertado, você. O que o/nos separa dele não poderá ser assim tanto. Por dentro, caro leitor que me acompanha, sou muitas vezes o homem que se deixa fotografar nesta imagem. Por dentro, numa qualquer escada que conduz às àguas furtadas da cabeça, sou assim. Preto e branco, sujo, cansado, mas de mente ocupada, e nunca, mas nunca a ler o 24 horas. O preto e branco não é um puro acaso da foto. A foto, caro leitor, está na realidade a cores. A preto e branco, vê-a quem fechou as cortinas da mente. A preto e branco, vê-a quem já não se vê a cores.

sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Boas Vindas

De facto o corpo está cansado. E toda uma mente dormente. Ainda assim, presente. De hoje em diante (sabe deus que diante), deixarei aqui tudo o que me parecer interessante deixar. Problema: Só acho interessantes coisas absolutamente desinteressantes... um risco portanto. Sabado, 00h08 é então o inicio daquilo que espero ser a primeira de muitas mensagens e desabafos que me assolam a tal mente dormente. Deixo-vos então. Regressem, prometo que será tão desinteressante como este primeiro "post". ou ainda pior. mais desinteressante que as nossas vidas não será. Isto, meus caros leitores, é uma promessa.