quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Quero ter frio.

As noites andam a acordar cedo demais.
Antecede-se uma hora no relógio, mas duas no escritório da cabeça.
Hoje em dia (mais hoje), faz-me falta obedecer a mais umas horas de luz.
Duas, para ser mais preciso.
O calor aperta-me o corpo em dias que eram feitos de malhas do fundo do armário e lareiras a estalar.
Quero ter frio.
Só um bocadinho, daquele que nos obriga a camisolas demasiado gordas.
Quero ter robes depois do banho e meias quentes em vez de chinelos.
A chuva só se devia fazer acompanhar de temperaturas rentes ao chão.
A mais não é obrigada.
Apetece-me fumegar da boca e perceber que se calhar devia ter trazido "qualquer coisa quentinha", como a minha mãe martelou pelo telefone.
Quero ser sufocado por um cachecol.
Queimar a barriga da lingua com chá de inverno, que só assim se chama pelo frio.
E não.
Escrevo-vos de t-shirt e chinelos.
O fumo que me sai da boca faz-se acompanhar de demasiado alcatrão.
Prefiro comer um troço da Marginal e ter o outro fumo.
Amanhã sigo para o norte.
Metereologia?
"Temperatura prevista para amanhã no norte do país: 24 graus."
Já nem digo nada.
Só quero ter frio.