Se o mundo tivesse de acabar, teria sido ontem.
O vento teria levado as pessoas e os animais.
Ficavam as casas e as estradas para contar.
Mas ao que parece ficamos cá mais uns tempos.
Anos ou meses, ainda está por decidir.
Passei dos melhores aniversários de que tenho memória, com a família, a lareira, boa comida, boa bebida, e a certeza de que é isto que fica.
Anos mais tarde são estes momentos que resistem, agrafados ao peito com uma nota a dizer: "Valeu a pena".
Desde há muito tempo que insisto em não fazer as clássicas jantaradas de anos.
Há qualquer coisa nos aniversários que me deprime, coisa essa que ainda não consegui pôr em papel.
Não sei se é o bolo, se são as velas, se foi alguma coisa que sobrou de quando era mais novo e que alguma borracha se encarregou de apagar.
Mas ontem voltou a ser especial.
Vi o meu pai e a minha mãe juntos no meu aniversário muitos anos depois.
Felizes, e orgulhosos de mim.
E eu feliz, e orgulhoso deles, e do que vive dentro deles.
Foi um almoço que começou à uma da tarde, e que foi acabando às sete.
Mas que para mim só vai acabar quando acontecer outro melhor.
Para já tenho vinte e sete anos, e todos eles me souberam bem.
Venha o próximo.
Para terminar, comprei anteontem um dvd do Chico Buarque.
E só porque sim, e porque sou piroso, vejo este vídeo do Chico e do Jobim vezes sem conta.
Primeiro pela música.
Depois pelo olhar durante toda a música do Jobim para o Chico Buarque, de carinho e admiração.
Eu disse que era piroso.
Mas destes já não se fazem mais.
O meu irmão Nikita não voltará a Kharkiv.
Há 4 semanas