Sair à noite em Lisboa com chuva, vento e frio é quase tão agradável como espetar um prego enferrujado nas têmporas.
E depois raspar o prego nos dentes para ter a certeza que o tétano não se perde pelo caminho.
Chegado do jantar dos "Contemporâneos" tenho a dizer mais uma vez o seguinte: trabalho com uma equipa do caraças.
Todos.
Jantámos e bebemos o que tínhamos a jantar e a beber, e no fim fomos presenteados com um karaoke que parecia a guerra civil de Espanha, mas com mais feridos.
Nunca percebi o fenómeno karaoke, mas também nunca me dediquei muito à matéria.
Sei apenas que há pessoas que quando estão em cima do palco cantam para a maquineta como se o mundo fosse acabar amanhã à hora do almoço.
Quando eu digo cantam, leia-se roncam.
Tirei fotografias com fãs e um deles diz-me:
"Posso tirar uma fotografia contigo?"
"Claro que sim"
"Fixe. Não tenho é máquina. Arranjas alguma?"
É um tipo de raciocínio que não está ao alcance de qualquer um.
E é claramente o tipo de abordagem que merece o respeito de qualquer um.
O meu irmão Nikita não voltará a Kharkiv.
Há 4 semanas