Aproveito para aconselhar dois filmes bem diferentes, mas igualmente bons, que vi ultimamente.
Transamerica é, quanto a mim, dos melhores papéis que uma actriz pode dar à luz.
Felicity Huffman, num papel esmagador na pele de um transexual, que dias antes de se submeter à operação definitiva ao sexo, reencontra o filho.
Não é um filme moralista.
É divertido e ligeiro.
Feito com pouco dinheiro, o que implica, regra geral, bom gosto.
A falta de orçamento tem a mais valia de não deixar adormecer a imaginação.
Já muito dinheiro sufoca a criatividade.
Felicity (para os amigos), pousou em casa vários prémios, menos o Óscar.
Porquê?
Por ser um tema controverso que faz comichão na testa de um país terceiro mundista:
Os Estados Unidos da América.
Nome comprido para pouco sumo.
Vejam. Vejam-na.
O segundo vi porque me alertaram para um actor que têm uma peça em cartaz há anos, em Berlim.
Alertaram-me também que era obrigatório ver.
A peça retratava Adolf Hitler, e o actor, começava em posição de cão raivoso até se ir levantando e se transformar num homem.
A pessoa em questão, viu a peça do princípio ao fim, sem perceber uma palavra, e no fim estilhaçou-se em lágrimas.
Já imaginaram a força de um actor que provoca isso?
Sublinho: Sem perceber uma palavra.
O nome desse actor é Bruno Ganz.
Suíço de 64 anos
Procurei então o filme mais recente que ele tinha iluminado.
Encontrei "A Queda".
A história das últimas horas de Hitler.
Confesso que guardo pouca ou nenhuma paciência para filmes sobre o tema, mas forcei-me a mim e mais dois olhos a ver.
O Hitler protagonizado por Bruno Ganz, é, de facto, genial.
A expressão da cara de Bruno acorda-nos o coração na boca entre-aberta
Todo o filme vale pelos momentos em que ele rasga o écran e nos grita o que é representar.
Fico sempre pirosamente emocionado quando assim é. A capacidade de causar um soco dessa dimensão num espectador, eleva-os para um patamar acima da média.
E eu, agradeço.
Vejam, nem que seja para não gostarem.