sábado, 30 de junho de 2007

Fim de temporada

E acaba hoje.
A temporada que começou em Janeiro deste ano acaba hoje no Teatro São Luiz.
Comecei a trabalhar neste projecto em Setembro do ano passado, e vê-lo acabar provoca-me uma certa nostalgia por antecipação.
Mas acabo com o sentido de dever cumprido.
Durante todos os dias e toda a tournée as salas estiveram cheias.
E para quem está sozinho em palco não há coisa que acalme mais o ego.
Ainda assim restam-me duas datas de tournée para me despedir.
A primeira das quais será dia 10 de Agosto no CAE da Figueira da Foz, e a segunda será dia 1 de Setembro no Teatro Micaelense, nos Açores.
Muito obrigado a todos os que foram assistir aos espectáculos.
Ainda que tendo que acabar este espectáculo a solo para começar outro projecto já daqui a uma semana, não posso esconder que hoje, embora sendo um dia de dever cumprido, é também um dia triste.
Este foi o primeiro projecto em que me envolvi em toda a concepção, contando sempre com a preciosa ajuda do João Quadros no texto.
Um agradecimento especial mais uma vez para o Teatro São Luiz, e para toda a gente que lá trabalha e que me recebe há 6 anos.
E quando assim é, custa mais a largar a mão.
Espero voltar a reanimar o espectáculo um dia mais tarde.

Hoje, 00h, no Jardim de Inverno do São Luiz:
"...sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura".
O fim.

sábado, 16 de junho de 2007

e outra.

E não é que logo a seguir veio mais outra?
Ora aqui fica, para ninguém se chatear.

quando a foto namora o texto

Recebi vários mails a propósito do meu último post.
A todos eles um muito obrigado.
O José Goulão enviou-me um que me tocou particularmente.
De tão simples.
É uma foto, mas diz o texto como nenhuma outra.
Aqui fica.




Aqui fica a página onde podem ver mais (tenho o meu blogger meio parvo, daí que tenha que escrever a morada toda, e não apenas um link)
http://www.flickr.com/photos/goulao

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Fim do banco

A idade vai comendo a vida.
Vai ratando o futuro, e nós (eles) a verem.
Acorda-se com um dia a menos, e adormece-se com um dia a mais.
O calendário vai-nos mudando o corpo.
Vai-nos empurrando as costas, para a queda ser pequena.
Os velhos sabem de cor o chão.
Como quem sabe que está quase a chegar lá.
Desde que perdi a minha avó, que ganhei o respeito por quem mora no terceiro andar da idade.
Perde-se para ganhar.
E assim foi.
Emociona-me.
Que vida inteira pode ser sentada sozinha, num banco de jardim?
Com a idade, nunca escolhem o meio, sempre o fim do banco.
Em crianças, ter-se-iam sentado na outra ponta?
E deixam-se estar.
Respiram como podem.
Os olhos já não procuram nada. Já viram tudo.
Vão guardando o passado em rugas, para libertar a cabeça.
Em que pensam?
Na morte?
Os velhos não vivem. Deixam-se viver.
Os filhos já tem a vida deles, não os querem.
Tem de ir viajar e fazer compras para o jantar.
"O pai tem estado bem? Então vá, um beijinho."
Picaram o ponto, e para eles está feito.
Os novos choram com o corpo todo, gritam e fazem caras de quem sofre.
Os velhos choram só com os olhos, que o resto não se vê.
E assim o fazem, no fim do telefonema.
Ninguém os quer com as doenças cheias de idade.
As mãos da idade cheiram a tudo, com as veias cansadas de mostrar o sangue a toda a gente.
As pernas vão perdendo caminho.
Os braços deixam de abraçar.
O coração começa a falhar, já bateu demais mesmo para quem amou pouco.
Vai-se esquecendo de bater.
E uma noite, sem avisar, desaprende.
Desliga os olhos e atira o corpo para o fim.

Ocupam agora o banco todo.
Do principio ao fim, todo ele é corpo.
E os filhos, cansados de telefonar, resmungam.
Morreram oitenta e dois anos, e nem mais um dia.
A cidade não pára, o mundo não interrompe, nada.
Os filhos enterram vinte anos, e guardam os outros sessenta e dois.
Os últimos vinte davam trabalho e de pouco valiam.
Não tem vagar para os guardar.
Mas de hoje em diante, esses vinte vão acordá-los todos os dias.
Até se deitarem sozinhos no banco que os vai deitar.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Bruno Nogueira a Solo (ainda)

Sei que me estou a tornar repetitivo, mas ainda assim, sabe-me bem ao peito.
O meu espectáculo, que está novamente no Teatro São Luiz, ficará até ao fim do mês, por causa de vocês.
Parece que a temporada que estava anunciada até dia 16 de Junho está a esgotar.
Assim sendo, até ao fim do mês de Junho estarei no Teatro São Luiz (ainda) com o meu espectáculo.
Que corra bem.
E que apareçam por lá.
Até.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

ó ó

Depois de ter passado o dia a ensaiar e a fazer um espectáculo no Casino Estoril, e trinta minutos antes de entrar para o bonito palco do São Luiz, surge-me uma coisa:
Epá, gostava tanto de fazer ó ó.
Mas daquele ó ó que se inicia com uma sucessão alucinante de cabeçadas à cais do sodré no ar, seguidas do ar de pânico de quem pensa:
"eu tou a ouvir, eu não estava a dormir"
Não era só fazer ó ó em palco. Era um bocadinho antes e um bocadinho a meio.
Assim de esguelha, para ninguém do público perceber.
Ou dormir numa posição engraçada de maneira a que um ou outro elemento do público dissesse:
"Olha-me bem, este Bruno até a dormir consegue fazer com que eu me escangalhe a rir".
Adoro pessoas que se "escangalham" a rir.
São diferentes.
E amorosas.
Vou então vestir a camisinha e por o microfone.
E que nosso senhor me acompanhe.
E já agora, que me belisque.
O maroto.