sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Nunca

Mas nunca, tentem explicar a um taxista por gestos que ele tem a porta mal fechada.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

De volta

Bem sei que estou em falta.
Já não escrevo há uns dias, mas as férias fora do país falaram mais alto.
Temperatura?
-2 graus centígrados.
Mas soube bem.
Muito bem.
Se pudesse passava metade do ano a trabalhar para viajar na outra metade.
Mas parece que as coisas não são bem assim.
E confesso que foi das vezes que melhor me soube voltar a Portugal, e ver o dia de espantoso que estava.
Falamos falamos, mas temos um país do caraças.
Essa é que é essa.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Nova exposição


Novamente a minha empregada.
Novamente arte.
Desta feita num lavatório de casa-de-banho.
Quanto a mim uma obra difícil de entender mas que contém uma força dramática extraordinária.
A força do shampoo contra a frieza da louça sanitária.
O desespero do desencontro com a banheira.
E acima de tudo as costas voltadas do Garnier Ultra Suave e do Pantene.
O que os terá separado?
E o que tenta ver o terceiro Pantene Pro V que espreita no meio dos dois?
A torneira?
Ou está a fraquejar de ter os outros em cima do peito?
A profundeza da dúvida.
A frieza das relações humanas, levada a cena por três shampoos, que no fundo podiam ser qualquer um de nós.
Essa é que é essa.
Ainda não aprecei.
Apenas porque sei que nenhum dinheiro do mundo paga arte deste calibre.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

"Man On Wire"


Chegou-me há poucos dias via Amazon.
Andava ansioso por ver este documentário extraordinário que retrata a coisa mais simples e poética que se pode retratar.
Um homem a cumprir um sonho de vida.
Philippe Petit tinha um objectivo na vida que não é propriamente de fácil acesso:
Atravessar as torres gémeas através de um cabo de aço.
A pé.
Sem cabo nenhum de segurança.
Só ele, um cabo de aço que ia de uma vida a outra, e o desejo de passear no tecto do mundo.
E assim foi.
No dia sete de agosto de mil novecentos e setenta e quatro andou, ajoelhou-se, deitou-se e voltou a caminhar durante uma hora entre as torres gémeas, depois de ter planeado tudo ao pormenor juntamente com os amigos que acreditaram que o impossível era possível.
Foi depois preso e submetido a avaliações psicológicas.
E não tinha perdido nada.
Tinha ganho mais do que aquilo que se possa alguma vez imaginar.
Está nomeado para o Óscar de melhor documentário.
Mas já venceu o que tinha para vencer.
O sonho.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Somos tão pequeninos


Vasco Baptista Marques deu uma bola preta a "Slumdog Millionaire" no Expresso.
Nota miserável, portanto.
Diz ele que o filme "consolida a "pornografia da pobreza" que nos vende a miséria como um espectáculo de consumo rápido".
Luís Miguel Oliveira no "Público" diz sobre a visão do realizador da India: "Danny Boyle não conseguiu sentir mais do que o cheiro a merda.
Fino.

Só uma coisinha:
Senhor Vasco e senhor Luís, juntem-se numa cave a resmungar com o que vos impede de ter vida sexual e deixem-se de merdas.
Já percebemos que sabem escrever português e fazer comparações.
Mas a vossa "profissão" exige um bocadinho mais do que frases de português bonito.
Deixem o resto para quem quer e sabe fazer mais do que desenhar bolas pretas em papel e dizer palavrões da quarta classe.
Ou gostam ou não gostam, estão no vosso direito.
Mais do que isso já é masturbação intelectual.
E a arrogância e altivez com que vomitam críticas é que vos faz pequeninos, e na minha modesta opinião, feios.
(A parte do "feios" é só uma opinião parvinha, para não me afastar do estilo destes dois queridos)
Para se ser agressivo, tem de se saber escrever e opinar muito bem.
Não é claramente o caso.
Ser crítico de cinema, salvo raras excepções, só obedece a uma regra básica:
Dizer mal daquilo que está em alta.
Há qualquer coisa de intelectual em contradizer as massas.
O pior é quando se contradiz com disparates de algibeira.
Perdoem-me o tom, mas é claramente uma demonstração de pequeno poder.
E isso põe-me do avesso.
E sim, foi dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.
Mas nada que me deixe tão ansioso como ver um filme escrito e realizado a quatro mãos por Vasco Baptista Marques e Luís Miguel Oliveira.
Eu e quem deu a "Slumdog Millionaire" sete BAFTA´S e dez nomeações para os Óscares.
Para aprendermos todos um bocadinho mais sobre cinema.

Menos um para realizar


Pois bem, mudei a rotina.
Prometia-me há já uns anos, e falhava.
Até que os dedos pediram, e assim foi:
Estou a ter aulas de piano.
Tinha esse sonho, eis-me a fazer por ele.
Há qualquer coisa no som deste instrumento que vai directamente a sítios que não sabemos apontar.
Não é coisa simples, para os dedos e para o cérebro.
Estou ainda na fase de aprender a ler música, e enquanto experimento tocar uma ou outra coisa percebo que traduzir para o cérebro que as duas mãos devem fazer coisas diferentes é um dos primeiros e mais difíceis passos.
Mas assim é melhor, se fosse fácil cansava mais.
Já começo a perceber umas coisas, por força do professor extraordinário que me está a acompanhar.
Deve ser penoso para quem toca tão bem como ele ver duas mãos de cimento em cima das teclas dele.
Especialmente porque teve anos a aprender com a Maria João Pires.
Deve estar orgulhoso do salto que a carreira dele deu.
Orgulhosíssimo.
Estou contente comigo.
Terça feira às onze horas lá terei nova aula.
Até lá tenho trabalhos de casa para fazer.

Agora só falta um pianinho aqui em casa.
Porque praticar na mesa é estranho.
E não tem definitivamente o mesmo som.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O peito dela



Já estou atrasado para um compromisso, mas sinto-me obrigado a deixar isto bem claro:
A saga da Maya com a sua operação ao peito é das coisas mais nojentas que vi até hoje nas revistas.
É prostituição mediática.
E não vou fazer piadas, nem gozar com a situação, nem nada que o valha.
Uma pessoa que deixa que a fotografem numa operação ao peito (a troco de alguma coisa certamente, porque não estou a ver que seja a custo zero), que no carro à saída do hospital alarga a camisola para mostrar aos fotógrafos os adesivos colados ao peito, e que depois espera credibilidade em qualquer meio que seja, é uma pessoa extraordinária.
Dantes ainda tinha piada falar sobre estes assuntos.
Infelizmente hoje é tudo demasiado reles para sequer ser risível.
Toda a gente come, digere e no dia a seguir não se lembra.
E eu também deveria ser assim.
Mas fica-me a trabalhar no estômago mais do que eu queria.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Que é isto?



Epá...que coisa estranha é esta que está a cair no chão e que eu ainda não tinha visto nos últimos dias?
Não estou a achar piada nenhuma a isto.
É assim, como se fosse água.
Acho mesmo que é água.
Ah, espera lá, afinal é chuva.
Ufa, quando uma pessoa não está habituada assusta.
Agora vou ver onde está o guarda-chuva que tem uma vareta dobrada.
Não me lixem, guarda-chuva como deve de ser tem sempre uma vareta ou duas a precisar de gesso.
E vou aproveitar e marcar uma reunião com o São Pedro para lhe explicar que ele pode brincar com a pilinha dois ou três dias e deixar a rega para mais tarde.
É muito poder, e isso está-lhe a subir à cabeça.
Tristeza.

I have a dream

Amanhã, se tudo correr como esperado, vou realizar um sonho.
Tem a ver com música.
Qual?
Depois digo.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

e foi assim.

Se o mundo tivesse de acabar, teria sido ontem.
O vento teria levado as pessoas e os animais.
Ficavam as casas e as estradas para contar.
Mas ao que parece ficamos cá mais uns tempos.
Anos ou meses, ainda está por decidir.

Passei dos melhores aniversários de que tenho memória, com a família, a lareira, boa comida, boa bebida, e a certeza de que é isto que fica.
Anos mais tarde são estes momentos que resistem, agrafados ao peito com uma nota a dizer: "Valeu a pena".
Desde há muito tempo que insisto em não fazer as clássicas jantaradas de anos.
Há qualquer coisa nos aniversários que me deprime, coisa essa que ainda não consegui pôr em papel.
Não sei se é o bolo, se são as velas, se foi alguma coisa que sobrou de quando era mais novo e que alguma borracha se encarregou de apagar.
Mas ontem voltou a ser especial.
Vi o meu pai e a minha mãe juntos no meu aniversário muitos anos depois.
Felizes, e orgulhosos de mim.
E eu feliz, e orgulhoso deles, e do que vive dentro deles.
Foi um almoço que começou à uma da tarde, e que foi acabando às sete.
Mas que para mim só vai acabar quando acontecer outro melhor.
Para já tenho vinte e sete anos, e todos eles me souberam bem.
Venha o próximo.

Para terminar, comprei anteontem um dvd do Chico Buarque.
E só porque sim, e porque sou piroso, vejo este vídeo do Chico e do Jobim vezes sem conta.
Primeiro pela música.
Depois pelo olhar durante toda a música do Jobim para o Chico Buarque, de carinho e admiração.
Eu disse que era piroso.
Mas destes já não se fazem mais.