quarta-feira, 28 de junho de 2006

Colombo, esse nome maior

Passei um bonito dia (mas muito bonito mesmo), nesse nome maior da cultura que é o Colombo.
Coisa boa.
(Em jeito de aparte: há muitas grávidas a passearem barrigas no Colombo. Demasiadas. Daquelas que são passeadas pelas barrigas, e descansam em tripés.)
Mas enfim, segui para a loja de informática.
(Em jeito de aparte: há muitos óculos graduados a passearem em lojas de informática. E muita, mas muita, testosterona.)
Agora sim, cheguei à loja de informática.
Motivo: uma impressora que prometia ser uma coisa que vai lá vai, mas nunca chegou a ir.
Decidi, como bom utente, informar-me mais sobre o paradeiro e funções da mesma.
Alvo: um promotor da marca da impressora. Pessoa especializada (ao que dizem) no assunto.
Pessoa bem apresentada, dentes bonitos, barba feita.
Entendimento no assunto? Não me parece.
"Eu gostava de imprimir fotos em tamanho 10cm por 15cm (o tamanho normal das fotos), mas a impressora só me deixa imprimir em papel A4. Como posso fazer?" disse eu, do fundo do meu 1.94m.
Silêncio.
Mas daqueles silêncios em que se olha para a máquina, de cima a baixo, entradas e saídas de cabos, como se a fotografia pudesse, por alma do Nosso Senhor das Impressoras, sair pelo cabo de alimentação.
"Epá...hum...pois isso agora..." (metade do problema, portanto, resolucionado) "Vou ligar para o nosso callcenter que os gajos hão-de saber isto".
Ligou. Não sabiam. Ou se sabiam, não desconfiavam.
Mexeu em botões como quem mexe em botões pela primeira vez. Tratava a máquina por você. Nunca a tinha visto mais gorda, ou se a viu, não se apresentaram.
Que isto é muito botão. Que até devia dar, mas não dava. Que a máquina é topo de gama e às vezes vem com truques que nem a malta sabe. Que tudo.
Arrematou, minutos roídos, em jeito de sobredotado no universo da informática:

"Isso se calhar o melhor é trocar por outra máquina".

Silêncio. Do meu lado do campo.
Fiz contas de cabeça em quanto me iria ficar insultá-lo. Dava demasiado.
Estou de paciência atestada para pessoas incompetentes a trabalhar. Por um racíocinio muito simples: conheço desempregados competentes que, também eles, têm bocas mais novas para alimentar.
Troquei. Mas por outra marca.
Despediu-se dizendo "Ganda maluco, gosto um molho do teu trabalho".
Despedi-me dizendo "Nunca vi o seu".

Agora, deito-me no sótão (onde a casa fica em bicos de pés), e imprimo fotografias de dias que me aqueceram o estômago do peito.
E isso vale tudo.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Mais um copy-paste

"Sossegar não é descansar- não é uma consequência do cansaço. Quando Rebelo da Silva, citado por Moraes, que por sua vez cita o dicionário de Freire, diz:
"O coração não sossega, a vida cansa",
ambas as coisas são verdadeiras, mas a associação é enganadora, porque o coração não sossega por causa de a vida cansar.
Há cansaços bons. Não. O coração não sossega, porque não tem com que sossegar.
Quando aparece um amigo sem avisar, interrompendo tudo o que se tencionava fazer, sossega-se. Quando se está a lutar contra a injustiça e a maldade, com todas as forças que se tem, sossega-se. Quando se lê um poema ou uma história bonita, por muito triste que seja, sossega-se. Quando se acredita em Deus. Isso, sim, é sossegar.
Gosto de "sossegar" como verbo transitivo. Sossegar só por si não chega. É mais bonito sossegar alguém. Quando se pede "Sossega o meu coração", e se consegue sossegar. Quando se sai, quando se faz um esforço para sossegar alguém. E não é adormecendo ou tranquilizando, em jeito de médico a dar um sedativo, que se sossega uma pessoa. É enchendo-lhe a alma de amor, confiança, alegria, esperança e tudo o mais que é presente a tornar-se, de repente, futuro. É o futuro que sossega. "Amanhã vamos passear", sossega mais que "Não te preocupes" ou "Deixa lá, que eu trato disso"."


Miguel Esteves Cardoso, e eu.

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Noite de fados, e uma frase...

..."Os olhos do meu amor não os vejo em mais ninguém"

terça-feira, 20 de junho de 2006

A medo

Hoje choveu o dia todo. A medo, deixei as águas furtadas da cabeça entre-abertas e sequei o sol na gaveta do peito.




Bem sei que sendo português, vou esbarrar com o politicamente correcto, mas cá vai (a medo):
Estou feliz.
Posso, mas não me quero queixar. Dá muito trabalho aos escritórios do meio dos nervos.
Ouço fado, mas com os vincos certos na cara.
Tenho dormido bem, graças a uma vasta equipa que me arrasta os olhos até ao rés-do-nada.
Já são horas. Quais? Não sei, é o que se diz nestas alturas.
Visto-me com roupas de dormir, daquelas que dão vergonha aos acordados.
Pais insistem (ou talvez só a mãe): "não deites fora essa t-shirt, aproveita que dá para dormir".
Dormir com uma t-shirt boa, pode, em muitos casos, fazer dói-dói no mais profundo sentimento do Dr. Ó-ó.
Era aborrecido.
Sempre imaginei o Dr. Ó-ó como um indivíduo de rastas,tocador do "mai" bonito djambé do Adamastor e a comer sabonetes de haxixe pra queimar o tempo.
O Dr Ó-ó não roda o sabonete (leia-se como nota de roda-texto)
E faz-se apresentar sempre, mas sempre, com uma t-shirt velha.
O Dr Ó-ó não é beto. Olha betinhos pró Dr. Ó-ó!
Raramente dormimos com uma camisa Gant ou Façonnable. E se o fizéssemos, ia-mo-nos dar mal.
Não queremos isso.
Sapato de vela azul escuro com sola branca? Não me parece. "Meiínha" velha.
O Sr Ó-ó não brinca: Trabalho é trabalho e bardamerda caladinhos.
Visto a tal t-shirt (viu dr ó-ó, há aqui uma generosa dose de respeito)

Apago a noite num cinzeiro, daqueles que guardam o que os pulmões não querem.
Tranco os olhos. Dou duas voltas, e deixo a chave encostada aos teus dedos, não te vá dar uma aflição a três terços da noite.
Durmo o número de horas desde sempre acordado com o centro das costas: demasiadas, mesmo para quem dorme demasiado.
Sonho.
A cores, ultimamente. Não porque seja uma exigência minha, que em matéria de sonhos sou um rapaz modesto, mas porque o preto e branco se esquece da tua cor.
Acordo com os bons dias sentados nos olhos.
Abro o chuveiro e dou de beber ao corpo e meio. O meu.
Desço, queimo o peito da língua com cinco tragos de café e escondo o açúcar na cave da língua, para o que der e vier.
Escondo a chave do carro no bolso, rasgo a porta de casa e dou de caras com a metade quente do sol.
Embrulho-o e guardo-o na terceira gaveta.




Hoje choveu o dia todo. A medo, deixei as águas furtadas da cabeça entre-abertas e sequei o sol na gaveta do peito.

domingo, 18 de junho de 2006

De rajada...

...perco a carteira, chave de casa, e do carro.
Assim, a quente.
E penso (pouquinho) de mim para mim:
"Bruno, caso ainda não te tenhas dado conta, uma parte generosa do teu império material desapareceu em 5 mn."
Riu-me, mas com a parte fraca do sistema nervoso.
Façamos então o ponto da situação:
Estou portanto algemado em casa, sem poder sair, sem transporte e sem dinheiro para me fazer transportar.
A pé? Muitos km´s. Mesmo. Nem sequer vamos por aí.
Telemóvel com saldo para ligar a alguém? Não me parece.
Um muito obrigado a todos os que tornaram isso possível.
E agora vou para dentro, que tenho um coração por bater.

terça-feira, 13 de junho de 2006

Uma linha

Haveria muitos textos engraçados para escrever, mas achei que uma linha chegava para alimentar outras quarenta nas vossas cabeças:

Cláudio Ramos como padrinho da marcha do Castelo.

segunda-feira, 12 de junho de 2006

Dia bom

Acordar com a alegria atestada no peito.
Arrumar cd´s, dvd´s, e livros nas prateleiras do "até que a morte nos separe".
Aproveitar a folga com tropeções em nada para fazer, mas que têm de ser feitos.
Cheiro a brasas com a língua de fora prás sardinhas.
Cheira bem.
Cheira a dias com sorrisos pregados nos cantos dos lábios.
E tu no canto dos olhos.



E agora shiuuu, que vou por o coração a dormir.

domingo, 11 de junho de 2006

Palavras amontoadas

Não tenho tema nenhum para o que vai ser escrito nos próximos minutos.
Só dedos a pisarem teclas com a força de dedos que pisam teclas.
São 19h30, o dia foi calmo, ou quase nada, como de resto se apresentam os Domingos. Fico sempre com a leve (muito leve) sensação de que o Domingo é a parte de trás de um outro dia qualquer.
Custa-me a acreditar.
Chego aos Domingos como quem chega à Igreja: não acredito.
Comi bem, graças a mim.
Acabei de ler o Expresso, onde ofereciam uma bonita bandeira de Portugal. A questão é: será que chegam?
O Mundial ainda não começou e já não posso ouvir falar dele. Que Deus o leve.
Descansei o dia todo.
Sinto-me de rastos.
Descansar cansa-me. Faz-me doer o meio da cabeça.
Recebo chamadas e mensagens boas, daquelas que fazem festinhas no peito do peito.
Desfolho a Focus, a Visão e a Única. Dão-me um ar intelectual e engana por segundos o leitor.
Arrumo-as, e com ela a tarde.
Como tudo o que engorda. Nada me engorda.
Olho para a agenda semi-fechada no outro canto da sala. Semi-abro-a.
Amanhã, segundo dizem, acorda outro dia.
O Domingo, passa o tempo a espreguiçar-se. E eu ajudo-o, em braços coreografados.
Bom jogo.
Angola já leva 1-0 na pá.