Estes dois últimos espectáculos da tournée foram muito especiais pelos motivos que passo a explicar.
Ainda que sendo lamechas, são os motivos.
Dia 27 de Abril fiz, como aqui anunciei, espectáculo no Theatro Circo De Braga.
A lotação é de 900 pessoas.
Só quando entrei na sala para ensaiar é que me apercebi da responsabilidade que iria ter horas mais tarde.
Até lá "Theatro Circo de Braga" era só uma frase na agenda.
Agora conhecia a frase.
A lotação (felizmente) foi toda preenchida.
Sala esgotada e muita vontade de entrar para palco.
Emocionei-me mal pisei o palco e senti o barulho impressionante de palmas que me fizeram sentir mais do que sou.
Foi uma noite memorável, com um público que só por si faria o espectáculo.
Daquelas noites que me arrependo de não ter filmado para mais tarde rever.
Daquelas noites em que apetece ficar 4 horas em palco só para não acabar.
Há quem não saiba, mas o público varia de cidade para cidade.
Cada cidade tem o seu sentido de humor, daí o fascinante de uma tournée.
Aquilo que mais funcionou em Braga, era o que tinha funcionado menos em Vila Real de Santo António, e vice-versa.
Acima de tudo começa-se a perceber que Portugal vai tendo mais elasticidade para rir daquilo que "ai, valha-me deus".
Uma noite e tanto.
E no fim a sensação de caminhar para o camarim de queixo levantado e orgulho lá apoiado.
Obrigado Braga.
Depois voltei a Lisboa, só para fazer escala e partir para Moura.
Nunca tinha ido a Moura.
Fico a 30 km de Serpa.
Nunca tinha ido a Serpa.
Pouco conheço do Alentejo, e do público alentejano muito menos.
O espectáculo seria no Cine Teatro Caridade.
Estradas meio desertas, umas rajadas de frio e chegámos.
Entrei para uma sala visivelmente mais pequena, cerca de 200 lugares.
O que torna os espectáculos mais acolhedores e uma química diferente de tudo entre o palco e o público.
Menos meios técnicos que Braga, mas a mesma vontade ou mais ainda.
É de louvar estas vilas com poucos meios que querem espartilhar o que se passa em Lisboa.
E a vontade para que tudo corra bem, essa compete a quem tem menos meios.
Sala esgotada. Pessoas sentadas nas escadas.
E a surpresa de quem estava à espera de uma sala meio cheia, meio vazia.
Assim que entrei para palco senti-me acolhido e com vontade de apertar a mão a cada pessoa do público, tal era a intimidade que a sala provocava.
Não o fiz. Era demasiado político.
Diverti-me como se tivesse em casa a preparar o espectáculo e a mostrar a amigos.
E estava.
"Boa noite e até uma próxima".
E a generosidade de um público a aplaudir de pé.
Obrigado Moura, e como diz o outro: "até uma próxima".