Sou especialista em arrombar pessoas nas gravações.
Já não se contam pelos dedos das mãos as vezes que lesionei colegas dos "Contemporâneos".
Ainda se conseguem contar pelos dedos aquelas que foram intencionais.
Sem contar com o Manuel, que eram necessárias sete mãos e dois dedos avulso.
Mas há uns dias consegui uma coisa em bom: Fazer com que o Dinarte não consiga dormir há três dias com dores, nem tão pouco consiga virar o pescoço para o lado direito.
Não foi fácil, até porque se trata de um tipo de lesão muito específica, só ao alcance dos mais treinados para o efeito.
Felizmente ficou filmada, para ele, quando tiver 74 anos, mostrar aos netos porque é que eles têm sempre de falar com ele no lado esquerdo.
Reparem, no 1 minuto e 52 segundos
desta cena, em que eu agarro nele, escorrego, e ele bate com os costados no chão, bem ao estilo do wrestling.
O Eduardo Madeira disse mais tarde que quando viu aquela cena achou que o Dinarte tinha parado de respirar cerca de cinco segundos só para se acalmar e perceber se tinha morrido.
Mas acima de tudo não tirem os olhos dele e reparem que ele se levanta em sofrimento agarrado à cabeça, e eu não satisfeito, mando-o para cima de uns sacos de entulho que lá estavam.
Ele fica lá de pernas para o ar em sofrimento, como as baratas, e eu ainda não completamente satisfeito, faço um vôo para lhe aviar um moche e para tentar terminar com a sua dor de uma vez por todas.
Ele, infelizmente, consegue-se desviar.
Reparem ainda que os meus colegas apenas conseguem dizer "este gajo é maluco" e "esbardalhou-se".
O próprio Sérgio Oliveira (jornalista do "Só Visto"), que foi incansável nesse dia, está com ar de quem não está a perceber muito bem porque é que estamos a matar um colega do elenco naquele preciso momento.
E o mais doentio é que não consigo parar de ver a queda em loop.
Sim senhor, não é todos os dias que acontecem coisas tão bonitas na nossa televisão.