quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Orgãos, precisam-se

Nunca os meus intestinos se chatearam tanto comigo como hoje. Leite creme e sumo de laranja. Nunca, mas nunca em toda a vossa vida, comam leite creme quente e a seguir bebam sumo de laranja fresquinho. Prometam-me isso. Nunca. É de uma violência que só tinha visto semelhante num documentário sobre focas bébés, na Dois, há algum tempo. Os outros documentários da Dois sempre os achei com o fim muito repetitivo: "Bruno, anda prá cama".
Sempre ouvi dizer que suminho de laranja fazia bem. Os meus intestinos não. Há qualquer coisa de muito estúpido em querer Leite Creme quentinho e sumo de laranja fresquinho depois, bem sei. Mas ter orgãos do meu próprio corpo a decomporem-se por causa de um mal entendido, é duro. Sempre achei que os intestinos e o cérebro, tivessem uma espécie de Walkie Talkie para saberem um do outro. É no fundo, para isso que mantenho vivos todos os meus orgãos, para me avisarem quando acharem que os meus intestinos estão a instalar um simulador de Nagazaki, para PlayStation2. Fiquei triste, confesso. Julguei-os mais unidos entre eles. Mais alerta. Nem um fígado se deu ao trabalho de me dar um toquezinho. Nem um rim. Nada. Ficaram todos imóveis, a ver-me ingerir à bruta contentores de explosivos.
Deixei de confiar neles. Tou farto deles.
Havia desenhos animados em que os orgãos eram todos amiguinhos, lembram-se? Pois bem, são uns cabrões. E é bom que as crianças percebam isso desde novinhas, que a qualquer momento, quando pensarem que o xixi está a correr bem, um rim entra em combustão instantanea.
Agora como torradas e bebo chá.
E gemo.