quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

a propósito do Ricky Gervais

Fazer comédia é difícil.
Provavelmente das coisas mais difíceis, uma vez que o riso nasce nas pessoas por motivos diferentes.
O que me faz rir nem sempre faz rir o outro, e vice-versa.
O jogo de tentar encontrar a equação perfeita, em que todos riem do mesmo, é das mais motivadoras que há.
Pelo menos para mim.
E quando se está a gravar, há coisas das quais os actores se riem que mais ninguém no estúdio percebe.
Muitas vezes porque estamos a gravar e a outra pessoa diz uma palavra de uma maneira diferente, ou porque faz um segundo a mais de silêncio, ou pura e simplesmente porque se ouve o estômago de alguém a fazer barulho.
Quando se está nesse precipício pouco importa, acontece e pronto.
Aconteceu comigo e com o Markl a fazer de orca.
Aconteceu centenas de outras vezes que não foi para o ar (sim, sou provavelmente a pessoa que mais se ri durante as gravações sem aparente motivo, e a que mais o provoca de forma absolutamente gratuita).
Deixa a equipa em pânico porque temos obviamente horários para cumprir que não podemos falhar.
E porque cada minuto custa muito dinheiro.
E o pior é que não há nada mais libertador do que não conseguir aguentar o riso, que tem um mecanismo difícil de compreender.
Mesmo o nosso.
Toda a gente que faz humor passa pelo mesmo.
E é impossível explicar.
Só ver: